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'Excesso de política nas igrejas tem gerado desgaste entre evangélicos. As pessoas não se reconhecem mais nas lideranças' 3o3p12

Para Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião (ISER), a perda de ritmo do crescimento evangélico revelada pelo Censo de 2022 reflete fatores como a insatisfação de jovens, o desencanto com lideranças muito envolvidas da política e reação da Igreja Católica 6g3911

7 jun 2025 - 06h47
(atualizado às 08h52)
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Jair Bolsonaro (PL), Michelle e o ex-ministro Onyx Lorenzoni em culto durante o mandato do ex-presidente, marcado pela aproximação com evangélicos
Jair Bolsonaro (PL), Michelle e o ex-ministro Onyx Lorenzoni em culto durante o mandato do ex-presidente, marcado pela aproximação com evangélicos
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República / BBC News Brasil

A perda de força do avanço evangélico no Brasil, revelada pelo Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana, reflete fatores como a insatisfação de jovens de famílias evangélicas, a reação da Igreja Católica e o desencanto de uma parcela dos fiéis com o forte envolvimento político de algumas lideranças religiosas evangélicas nos últimos anos. 2f2a1l

Essa é a avaliação da cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião (ISER), que falou à BBC News Brasil após a divulgação dos dados pelo IBGE.

"Temos identificado, a partir de indícios em pesquisas qualitativas e observação empírica, que começa a existir uma espécie de desgaste de um tipo de cristianismo entre os próprios evangélicos", relata Evangelista.

"Há um excesso de política nas igrejas e nos púlpitos evangélicos que faz com que algumas pessoas não se reconheçam mais em suas lideranças religiosas, seja pelo perfil delas ou pelas pautas que elas têm defendido publicamente, e que acabam excluindo seus próprios membros."

A pesquisadora avalia que a surpresa com a desaceleração revelada pelos dados do Censo resulta da forte presença recente dos evangélicos na política, na cultura e no debate público brasileiro, o que levou muitos a supor que o crescimento da religião seria vertiginoso.

"Existia essa expectativa, mas estatisticamente não é assim que acontece", adverte Evangelista.

"A maior presença política, na cultura, no debate público, inclusive a escolha por falar mais sobre os evangélicos nos últimos anos não necessariamente corresponde automaticamente à pertença e migração e filiação religiosa."

Para a cientista política, a mudança evidenciada pelo Censo não deve alterar o cenário político brasileiro, já que os evangélicos continuam sendo o grupo religioso de maior crescimento do país, ainda que a um ritmo um pouco menor.

Mas o novo retrato trazido pelo IBGE pode servir para calibrar o debate público, que na visão da pesquisadora tem hiper valorizado o peso evangélico.

"Vejo algumas correções de rumo em como o debate público, a mídia, os analistas políticos vão começar a olhar e correlacionar o campo religioso com o campo político brasileiro, por exemplo. Quase uma calibragem de rota", diz Evangelista.

Em entrevista à BBC News Brasil, ela tratou ainda do forte crescimento das religiões de matriz africana na última década, do número recorde de brasileiros que se declaram sem religião e explicou por que os cientistas sociais têm um pé atrás com estatísticas que preveem que o Brasil um dia será um país de maioria evangélica.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

Ana Carolina Evangelista é cientista política e diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião
Ana Carolina Evangelista é cientista política e diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião
Foto: Arquivo Pessoal / BBC News Brasil

BBC News Brasil - O Censo mostrou que o avanço evangélico perdeu força pela primeira vez desde a década de 1960. Como a senhora avalia essa perda de ímpeto?

Ana Carolina Evangelista - É uma perda de ritmo muito pequena.

Se olharmos o crescimento evangélico, ele tem o maior salto dos anos 1980 para os anos 1990 e aí se mantém num índice de crescimento de 6 pontos percentuais até esse Censo, quando o avanço a para 5,2 pontos de crescimento.

Então, a minha principal análise é que os dados mostram que os evangélicos sim, seguem crescendo e que esse crescimento é muito significativo, mas ele é um pouco — bem pouco — mais lento do que no Censo ado.

A forte presença recente e crescente na política, na cultura e o debate público hiper focado nos evangélicos desde 2010, especialmente, levou muitos a supor que esse crescimento na última década seria vertiginoso.

Existia essa expectativa. Mas isso não significa que isso seria automaticamente transportado para os números, porque estatisticamente não é assim que acontece. E também nas dinâmicas sociais não é assim que acontece.

A maior presença política, na cultura, no debate público, inclusive a maior escolha por falar mais sobre religião e falar mais sobre os evangélicos nos últimos anos não necessariamente corresponde automaticamente à pertença e migração e filiação religiosa.

E eu acho também importante considerar que, quando estamos falando do campo religioso, estamos falando de um campo dinâmico e de uma dinâmica de mudanças sociais mais ampla no perfil religioso do brasileiro do que apenas uma focalização no que acontece no campo evangélico

Esse Censo também mostra, assim como já mostravam os dois censos anteriores, que cresce a diversidade religiosa no Brasil, cresce a pluralização da pertença religiosa.

Crescem os sem religião, seguem crescendo outras religiões, cresce significativamente proporcionalmente as religiões de matriz africana. Portanto, analisar a diminuição de ritmo do continuado crescimento evangélico tem que ser feito à luz de tudo isso.

BBC News Brasil - Na sua visão, quais são os fatores que explicam esse ritmo menor do avanço evangélico, ainda que seja uma desaceleração tímida? O que pode estar por trás disso?

Evangelista - Entendo que esse campo é mais diverso e menos monolítico do que vinha se retratando. Também pode haver migração dentro do próprio campo evangélico.

Há mudanças em determinadas faixas etárias que precisamos investigar melhor agora, cruzando os dados [do Censo] e com pesquisas complementares.

São jovens que estão insatisfeitos com o seu campo religioso evangélico, e se declaram, num trânsito religioso, como sem religião. Mas eles são de famílias evangélicas, são de origem evangélica e agora estão numa migração.

Há jovens que estão insatisfeitos com o campo religioso evangélico, e se declaram como sem religião, destaca Ana Carolina Evangelista, do ISER
Há jovens que estão insatisfeitos com o campo religioso evangélico, e se declaram como sem religião, destaca Ana Carolina Evangelista, do ISER
Foto: AFP / BBC News Brasil

Temos também identificado, a partir de indícios em pesquisas qualitativas e observação empírica que começa a existir uma espécie de desgaste de um tipo de cristianismo entre os próprios evangélicos.

Há um excesso de política nas igrejas e nos púlpitos evangélicos que faz com que algumas pessoas não se reconheçam mais necessariamente em suas lideranças religiosas, seja pelo perfil delas ou pelas pautas que elas têm defendido publicamente, e que acabam excluindo seus próprios membros.

Outro fator diz respeito aos demais campos religiosos. Há uma reação do campo católico.

Estamos falando de um país de maioria católica, que sempre foi hegemônica, e sabemos de pesquisas anteriores que a maioria da migração para o campo evangélico veio do campo católico.

A Igreja Católica reage, ela muda sua linguagem, tenta se comunicar com seus fiéis de outra forma, incentiva comunicadores e influenciadores jovens do campo católico para se comunicar com uma população mais jovem.

E ela tem estratégias para a juventude, como o Sínodo da Amazônia, que foi muito relevante no Brasil na última década, especialmente para lidar com o cenário dessa migração religiosa na Amazônia, que se tornou mais evangélica. Então, esse também é um elemento.

BBC News Brasil - E quais são as implicações desses resultados para a política brasileira, diante do ganho de força dos evangélicos nesta seara nos anos recentes?

Evangelista - Eu não vejo muita mudança, no sentido que os evangélicos seguem crescendo e esse Censo faz a foto desse crescimento que nós temos visto nos últimos anos. Então essa presença na política segue.

Mas é claro que, à luz de números e de uma fotografia mais atualizada, as estratégias de comunicação e de posicionamento das lideranças religiosas, sociais e políticas que são dos diferentes campos religiosos mudam, elas reagem a esse reflexo dos números.

Eu vejo mais impacto, possivelmente, no debate público. Ou nas incorreções desse debate público, excessivamente focalizado no papel dos evangélicos, supervalorizando ou hiper valorizando o peso evangélico.

Vejo algumas correções de rumo em como o debate público, a mídia, os analistas políticos vão começar a olhar e correlacionar o campo religioso com o campo político brasileiro, por exemplo. Quase uma calibragem de rota na análise.

Evangélicos seguem crescendo e presença deles na política deve continuar, avalia cientista política. Na foto, evento que instituiu a Frente Parlamentar Evangélica no Senado, em março de 2023
Evangélicos seguem crescendo e presença deles na política deve continuar, avalia cientista política. Na foto, evento que instituiu a Frente Parlamentar Evangélica no Senado, em março de 2023
Foto: Pedro França/Agência Senado / BBC News Brasil

BBC News Brasil - Alguns estatísticos chegaram a prever que o país se tornaria, eventualmente, de maioria evangélica. Na sua visão, essa desaceleração do crescimento pode fazer com que essa previsão não se concretize?

Evangelista - Sim, a gente já não gostava de previsões assim.

Estatísticas para prever dinâmicas sociais de forma tão absoluta e apenas matemática. Então já tínhamos indícios sociais e da dinâmica social de que essas previsões precisariam ser refeitas.

E agora temos números que corroboram que essas previsões precisam ser repensadas.

BBC News Brasil - Por que você avalia que as projeções estatísticas não necessariamente refletem as dinâmicas sociais?

Evangelista - Porque elas são baseadas em uma reprodução do ritmo de crescimento. Mas o que está por trás desse ritmo são diversos fatores sociais e políticos, não apenas uma projeção matemática.

Então, nesse sentido, estamos vendo isso [nos novos dados do Censo]. Esses fatores sociais e políticos e do próprio campo religioso incidem sobre a opção religiosa das pessoas, seu trânsito e como elas declaram pertencimento.

Por exemplo, seguindo com a fé, mas não declarando mais pertencimento a uma determinada religião.

Então, se olharmos apenas o dado matemático de uma progressão baseada no mesmo ritmo de crescimento anterior, não necessariamente vamos acertar. Por isso não gostamos de fazer futurologia social e sociológica a partir apenas dos números.

A diretora do ISER vê com ceticismo projeções estatísticas que apontam para uma maioria evangélica no Brasil nos próximos anos
A diretora do ISER vê com ceticismo projeções estatísticas que apontam para uma maioria evangélica no Brasil nos próximos anos
Foto: AFP / BBC News Brasil

BBC News Brasil - E quais são as perspectivas para o catolicismo, agora que a religião recuou para 56% da população brasileira, o menor patamar da história?

Evangelista - Exatamente. O número de fiéis católicos segue caindo, é o menor patamar da história.

Esse é um dado muito importante, porque, desde os anos 1950, o catolicismo vem perdendo essa hegemonia no Brasil e vem reagindo também. Então se espera uma maior interação e reação.

Ou uma continuada da reação do campo católico e da Igreja Católica para não perder esses fiéis.

É sempre importante lembrar que o Brasil segue sendo católico e muito católico.

BBC News Brasil - Mas os católicos podem perder a maioria, ou seja, deixar de ser mais do que 50% da população?

Evangelista - Podem, mas esse dia? Não sabemos. Impossível dizer porque tem muitas dinâmicas acontecendo.

Pode, inclusive, diminuir muito o ritmo de queda [do número de fiéis católicos], dada a dinâmica social e política no Brasil. Assim como o índice de crescimento evangélico não estourou, o índice de queda católico tampouco estourou.

BBC News Brasil - E pode haver alguma mudança nesse cenário sob a nova liderança do Papa Leão 14?

Evangelista - Entendo que é uma continuada liderança a partir do impacto que já tinha o papado de Francisco.

Nos parece que o papado de Francisco, pela sua capilaridade, pela sua presença, pelo seu carisma, já imprimiu um impacto em frear esse decréscimo.

E dependendo de como o novo papa lide com as agendas, as pautas que já estavam colocadas pelo papa Francisco, de maior abertura da Igreja Católica, de maior presença nos territórios, de maior e melhor comunicação com seus fiéis, isso se mantém.

Mas nada indica, do perfil dele em específico, que possa ser uma mudança vertiginosa. É mais possivelmente uma continuidade do que já vinha acontecendo, porque ele tem um perfil, em algumas frentes, bastante parecido com o papa anterior.

Papado de Leão 14 deve ser de continuidade em relação a Francisco, que teve impacto positivo em reduzir a perda de fiéis, acredita pesquisadora
Papado de Leão 14 deve ser de continuidade em relação a Francisco, que teve impacto positivo em reduzir a perda de fiéis, acredita pesquisadora
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

BBC News Brasil - E o que explica o forte avanço das religiões de matriz africana, que mais do que triplicaram o número de fiéis nesses últimos 12 anos?

Evangelista - Os estudiosos sempre indicaram que, devido à hegemonia católica, à desigualdade racial no Brasil e ao racismo, podia e pode continuar havendo uma subnotificação do pertencimento às religiões de matriz africana.

Temos essa valorização crescente nessa última década, justamente a partir da ampliação do debate racial no Brasil e do trabalho que tem sido feito de reconhecimento e mobilização política dos povos de terreiro.

É possível que estejamos vendo realmente um resultado dessa valorização e dessa liberdade maior de reconhecimento racial, relacionado ao pertencimento às religiões de matriz africana.

Então o crescimento desses números pode significar a afirmação da identidade racial, essa valorização da ancestralidade negra, que antes podia estar escondida ou muito conjugada com outras religiões.

Temos muitos relatos de pessoas que são católicas e que frequentam terreiros e que agora, possivelmente, na sua identidade religiosa, estejam fazendo essa migração ou estejam mais convictas de fazer essa afirmação.

As políticas públicas de inclusão racial, como as cotas nas universidades que dão mais o às pessoas negras a um espaço de formação crítica, também podem incidir nessa maior identificação.

BBC News Brasil - Vemos que, inclusive, eles são a segunda religião com maior nível de instrução. Então, de fato, parece haver uma relação com a maior escolaridade da população negra.

Evangelista - Exatamente. A política de inclusão social nas universidades — a gente precisa investigar isso melhor — mas temos indícios de que ela tem um forte impacto nisso.

Crescimento das religiões de matriz africana reflete avanço da luta antirracista e inclusão social de negros nas universidades, afirma cientista política
Crescimento das religiões de matriz africana reflete avanço da luta antirracista e inclusão social de negros nas universidades, afirma cientista política
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

BBC News Brasil - E como a senhora avalia o avanço dos sem religião e das outras religiosidades?

Evangelista - A pergunta do IBGE é "Qual é a sua religião?", por autodeclaração.

E o aumento das pessoas sem religião é, de fato, um dos destaques do Censo de 2022.

Esse grupo tem crescido continuamente nas últimas décadas. Isso está enquadrado numa realidade brasileira que é diversa e dinâmica. Porque não crescem só os sem religião, crescem as outras religiosidades também, como você disse.

E especialmente o campo dos sem religião representa esse lugar de movimento. Não significa que as pessoas não frequentam nenhum templo ou que elas não tenham mais fé. Mas elas estão agora se declarando sem religião.

Então, no Brasil, temos esse mosaico religioso que tem se refletido cada vez mais nos dados e que os censos anteriores, de 2000 e de 2010, já apontavam.

Isso reflete a perspectiva da Constituição de 1988, que prevê maior liberdade religiosa.

Isso permite que as pessoas se sintam à vontade para se declarar sem religião. A população está escolhendo mais a sua religião, o que pode incluir, inclusive, a ausência dela.

Então a gente está olhando para um cenário também de maior democracia, de maior diversidade, de reconhecimento de maior liberdade religiosa, inclusive a liberdade de não ter uma religião.

BBC News Brasil - Quanto à pequena retração no número de fiéis espíritas, o que pode estar por trás disso?

Evangelista - Pode ter uma migração, especialmente para religiões de matriz africana, por exemplo.

A gente não vai poder aferir essa migração a partir desses dados do Censo. Mas a queda é pequena e muitos espíritas se declaram cristãos e podem estar sendo classificados em outras religiosidades.

Frequentadores de terreiros muitas vezes se declaram espíritas. Então essa pequena queda pode estar disseminada e espalhada nessas outras categorias.

Não temos nenhuma pesquisa recente complementar que nos indique um fato novo, algo transformador, algum ponto de inflexão do campo espírita que explique unilateralmente essa queda.

Não há fato novo ou ponto de inflexão que explique a pequena queda no número de espíritas, diz Evangelista, que avalia que a retração pode refletir migração para religiões de matriz africana e outras religiosidades
Não há fato novo ou ponto de inflexão que explique a pequena queda no número de espíritas, diz Evangelista, que avalia que a retração pode refletir migração para religiões de matriz africana e outras religiosidades
Foto: Divulgação/Centro Espírita Paz e Luz / BBC News Brasil

BBC News Brasil - Por fim, o Censo mostra que o Brasil nunca foi tão diverso. Quais são as implicações dessa crescente diversidade religiosa brasileira?

Evangelista - Eu vejo implicações de maior democracia, de maior liberdade, maior reconhecimento de liberdade religiosa e de liberdades em geral.

E politicamente, socialmente, nós podemos ver reações.

BBC News Brasil - Há mais algum aspecto que você acha importante destacar?

Evangelista - Acho importante destacar a importância do Censo. O fato de que o Brasil é um dos poucos países do mundo que mede a religião num instrumento censitário. Os censos nos países não identificam religião.

A importância do Censo, a importância da linha do tempo, a importância de termos essa linha histórica de mais de um século, onde podemos comparar e identificar o perfil religioso brasileiro.

Religião se tornou um tema muito mais presente no debate político, no debate eleitoral, na cobertura política, nas casas, em todos os lugares.

E os institutos que fazem pesquisa eleitoral, por exemplo, só começaram a divulgar dados de intenção de voto e perfil eleitoral segmentado por religião nas eleições de 2010.

Antes, era como se não fosse [importante] essa característica, essa identidade, esse marcador social da diferença no Brasil, que é também a religião.

Então o fato de termos esses dados olhando um século para trás, para olhar esse retrato e comparar, é muito valioso. Então celebramos muito a existência do Censo, a sua longevidade.

A pesquisadora celebra a longevidade do Censo, mas demonstra preocupação com a dificuldade do IBGE em divulgar dados desagregados sobre religião
A pesquisadora celebra a longevidade do Censo, mas demonstra preocupação com a dificuldade do IBGE em divulgar dados desagregados sobre religião
Foto: Agência Brasil / BBC News Brasil

BBC News Brasil - Falando do Censo em si, chamou a atenção na coletiva de imprensa que o IBGE fez sobre os dados que os técnicos falaram que eles estão tendo dificuldade para divulgar os dados desagregados, tanto no campo evangélico, quanto no campo dos sem religião, que eram dados que eles tinham divulgado em 2010. E eles creditaram essa dificuldade à qualidade dos dados coletados nessa edição, mas há também problemas de falta de funcionários para analisar esses dados. Como usuária desses dados, essa questão te preocupa?

Evangelista - Claro que nos preocupa.

Acho que de alguma forma é uma dificuldade que vem acontecendo na produção de dados no Brasil já há algum tempo e não é exclusividade do IBGE.

Por exemplo, estudiosos que se debruçam sobre a questão de gênero e raça já identificam essa dificuldade há algum tempo. Como é difícil ter esses dados nacionais e, ao mesmo tempo, desagregados. Então, sim, preocupa.

E é por isso que a academia brasileira e que os institutos de pesquisa brasileiros devem investir em pesquisas complementares para compormos esse mosaico.

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