Pó de moringa não ajuda a crescer, dizem especialistas 4w252z
'TREND' NO TIKTOK AFIRMA QUE SUPLEMENTO RESULTARIA EM GANHO DE ALTURA, MAS NÃO HÁ QUALQUER EVIDÊNCIA DISSO 1y4k73
O que estão compartilhando: que o uso do pó de moringa na alimentação diária proporciona crescimento na estatura humana, com ganho de altura de até 15 cm após alguns meses de uso. 5v231k
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A pó de moringa não influencia no crescimento, de acordo com especialistas ouvidos pelo Verifica. A estatura é determinada de modo geral pela herdabilidade - ou seja, pela carga genética transmitida pelos pais. Outros fatores, como uma alimentação equilibrada, acompanhamento pediátrico regular e atenção a possíveis alterações hormonais, também podem influenciar a altura. Mas não existe nenhum ingrediente mágico que faça crescer.
Nem moringa, nem qualquer outra planta, faz crescer
Em vídeos que seguem uma trend, ou tendência, no TikTok, jovens relatam um crescimento repentino após o uso frequente do pó de moringa, um suplemento feito a partir das folhas da planta Moringa oleifera.
No entanto, não há qualquer evidência científica de que o pó de moringa resulte em ganho de altura. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) comunicou que não há evidências científicas que justifiquem o uso do pó com a finalidade de promover o crescimento.
De acordo com o médico Petersonn Guedes, nem o pó de moringa, nem qualquer planta isolada, pode causar crescimento de estatura de forma expressiva, especialmente em adolescentes e adultos.
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Para ele, os vídeos que circulam no TikTok dão a falsa esperança de um "atalho" para o crescimento, que não existe.
"Esses conteúdos podem levar ao abandono de condutas realmente eficazes ou até ao uso indiscriminado de suplementos sem segurança, com risco de contaminação, efeitos adversos ou interação com medicamentos", afirmou.
A nutricionista Luanda Conrado, mestre em Nutrição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que a moringa é uma fonte rica de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais. Mas, sozinha, não contribui diretamente para a altura.
Ela acrescenta que a carência de nutrientes pode causar um crescimento mais lento ou incompleto, especialmente na infância e adolescência. Em alguns casos, segundo a nutricionista, pode ser necessária a suplementação alimentar — mas sempre com acompanhamento médico e nutricional.
"Primeiro, é preciso identificar deficiências específicas por meio de exames", explicou. "O acompanhamento constante permite ajustar as estratégias conforme a evolução da criança".
O que realmente influencia a altura
Segundo endocrinologistas procurados pelo Verifica, a maior parte do crescimento é determinado pela genética. O corpo humano segue em crescimento até atingir a maturidade óssea, o que costuma acontecer por volta dos 18 anos.
Entre as condições que podem afetar o ganho de altura está a deficiência do hormônio de crescimento, conhecida como deficiência de GH. Embora seja rara, essa disfunção pode impactar diretamente a estatura e exige avaliação médica especializada, já que o GH tem papel fundamental no desenvolvimento físico durante a infância e a adolescência.
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No processo de crescimento, outros fatores também podem influenciar, como alimentação equilibrada, acompanhamento médico regular e condições do ambiente em que a criança vive.
Segundo a endocrinologista Ana Pinheiro Machado Canton, diretora do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da Sbem, o acompanhamento com um pediatra durante a infância e adolescência é essencial para garantir um crescimento saudável.
De acordo com ela, é por meio das consultas periódicas, uma ou duas vezes por ano, que os profissionais conseguem monitorar as curvas de crescimento com base nos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Essas curvas indicam se a criança está crescendo bem, em um ritmo regular e adequado. Isso é muito importante", explicou.
Ela acrescenta que manter uma boa nutrição, com alimentos ricos em vitaminas, sais minerais, cálcio, proteínas e um bom aporte calórico, é fundamental para o desenvolvimento.
Canton aponta que, além disso, um estilo de vida sedentário, noites mal dormidas e o uso excessivo de telas podem comprometer não apenas o crescimento em altura, mas o desenvolvimento integral da criança.
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"Uma boa qualidade de vida global faz parte desse cuidado: sono adequado, bom rendimento escolar e bem-estar emocional", alertou. "O estresse psicossocial, por exemplo, não é adequado para o desenvolvimento de uma criança."
Qual a relação entre alimentação saudável e crescimento
De acordo com a nutricionista Luanda Conrado, a boa alimentação é essencial para que a criança atinja seu potencial máximo de crescimento. Mas a nutrição não faz milagres, já que a altura é predominantemente determinada pela genética.
"Os genes herdados dos pais definem uma faixa de crescimento possível — a nutrição adequada ajuda a alcançar esse limite, mas não a ultraá-lo", ressaltou.
Conrado afirma que todos os micronutrientes e macronutrientes são importantes no processo de crescimento. Alguns se destacam quando se fala em ganho de altura: carboidratos, proteínas, cálcio, ferro, zinco, vitamina D e vitaminas do complexo B.
De acordo com a nutricionista:
Carboidratos: fornecem energia; Proteínas: ajudam na formação de tecidos, músculos e ossos; Cálcio e a vitamina D: atuam juntos no fortalecimento ósseo; Ferro: importante para a produção de hemoglobina, que transporta oxigênio para as células. Zinco: participa da divisão celular e do crescimento em geral; Vitaminas do complexo B: contribuem com o metabolismo energético.
Luanda alerta que, principalmente em fases de crescimento acelerado, como a infância, a puberdade e a adolescência, é essencial garantir o aporte de nutrientes necessários. Segundo a especialista, alguns erros podem resultar em deficiências nutricionais e atraso no crescimento.
"Erros comuns que podem prejudicar esse processo incluem dietas pobres em nutrientes, consumo excessivo de alimentos ultra processados, alto teor de açúcar e gordura, baixa ingestão calórica e falta de variedade alimentar", enumerou.
"Estudos mostram que, em fases críticas do desenvolvimento, a alimentação inadequada está associada a menor ganho de estatura. A falta de diversidade nutricional também prejudica a absorção de nutrientes, afetando o crescimento ósseo e a saúde como um todo", concluiu.
